quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

uma lenda a unir Matosinhos e Santiago

A lenda de Caio Carpo vem do tempo em que o território de Matosinhos ainda não era cristão. Pois casando-se ele, nobre senhor maiato com Cláudia Lobo, gaiense e descendente de um pretor romano, fizeram-se grandes festas junto ao mar. Cayo Carpo e os patrícios que o acompanhavam estavam na Praia a cavalo quando avistaram uma embarcação. O cavalo de Carpo correu para a água, ele tentou pará-lo, mas o cavalo entrou no mar e desapareceu na escuridão. Cayo Carpo galopu mar adentro pelo fundo do mar até entrar numa nau que transportava o corpo de San­tiago para Compostela. Às vestes de noivado de Caio agarram-se-lhe algumas vieiras. Da praia todos os olhavam à distância. Cayo Carpo, ante o cadáver do apóstolo ficou des­lumbrado. Logo ali quis ser baptizado e regressou noutra cavalgada à praia a anunciar a boa nova. E todos os seus convidados, emocionados com o que se passava, se baptizaram à vista do corpo daquele que seria Santiago de Compostela.

1 comentário:

  1. É esta a lenda que justifica o aparecimento do topónimo “Matosinhos”, e que explica a prematura, na altura, conversão ao cristianismo das pessoas da terra e que, por sua vez, abre a porta para a lenda/milagre do Senhor de Matosinhos que “ocorrerá”, supostamente, algumas décadas mais tarde.
    Matosinhos é, há muitos anos, o local designado como origem da associação das “vieiras/conchas” à devoção e aos caminhos de peregrinação para Santiago de Compostela. Assim, todas as versões das lendas a partir daí contadas indiciam Bouças como sendo o local escolhido, pelo seu vasto e largo areal, para os acontecimentos.
    Nesta região, mais precisamente na praia do Espinheiro, o senhor Cayo Carpo decidiu realizar a sua festa de casamento, no ano de 44d.C.. (CLETO, 2010)
    "Num dia primaveril e ameno do ano 44, neste local onde ora é Matosinhos, uma multidão exuberante de alegria festejava um desposório pagão. Cayo Carpo, o Pallaciano, nobre senhor da Maya coadjotor de Claudio Athenedoro, perfeito das rendas públicas, celebrava nesta praia as festas e torneios (bufúrdios) do seu noivado com a jovem Claudia Loba, natural de Gaya, descendente do pretor romano Cayo e Sérvio Lobo. Jorrava das vasilhas o vinho capitoso, rompia o torvelinho dos bailados, devoravam-se suculentas iguarias e, enquanto mancebos vigorosos experimentavam a energia dos seus músculos, os bardos inspirados erguiam aos céus os seus cânticos, louvando o vinho, o amor inebriante como o néctar das cepas, e a alegria Olímpica de viver. Gentil e airoso no seu corcel desenfreado, entrou Cayo Carpo "mar em fora", que essa era uma das provas de destreza então em uso. Rompeu ligeiro o cavalo, embalado pelo ondular das águas e, afastando-se até se perder na imensidão oceânica, fez-se de rumo a uma nau que vogava no mar alto. Depois de andar submerso por algum tempo, viu-se o anfitrião coberto de vieiras (um dos símbolos dos peregrinos a Santiago de Compostela).
    Recolhido a bordo o cavaleiro, contaram-lhe os navegantes de como vinham milagrosamente, com sete dias apenas, de viagem da longínqua cidade de Jope transportando para a Galiza o cadáver do apóstolo Santiago, que na terra da Palestina sofrera o martírio por amor de sua religião.
    Deslumbrado o régio cavaleiro com tantos prodígios que via converteu-se à fé Cristã e recebeu o baptismo. E, voltando para terra do mesmo modo que fora, tão espantoso pareceu o caso aos que o viram chegar são e salvo, que logo se converteram também, abandonando unanimemente o paganismo para ingressarem na religião de Cristo.
    (...) Cayo Carpo vinha todo coberto de conchas, dando isto lugar a que aquele sítio, em memória deste notável acontecimento se chamasse Matizadinhos, aludindo ao matizado das conchas." (Felgueiras 1957 - citado por CLETO, 2007)

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