terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Era uma vez... uma princesa
Era uma vez, há muito tempo atrás, um lugar muito especial onde uma menina muito especial morava. A menina era uma princesa que vivia sozinha no seu doirado palácio. Ela tinha um reino muito bonito com muitas flores, frutas doces, árvores que mudavam de cor a cada estação, campos ricos e férteis e animais diferentes e interessantes. As pessoas nesse lugar eram felizes e amavam a sua princesa. Mas a princesa não estava feliz ... ela queria ver o mundo, sonhava com lugares distantes do seu reino tão quente e seguro.
Então, um dia, resolvei viajar.
A princesa caminhou, caminhou....
O tempo passava lentamente.
Ao final do dia, parou para comer. Ela era uma linda princesa, amada e cuidada por todos em seu reino, mas sabia ser cautelosa e sabia coisas sobre a vida. Assim tinha-se preparado para a viagem com água, pão e queijo.
Enquanto comia lentamente percebeu que se sentia triste e fria. Sinto solidão! Era a primeira vez que tinha esse sentimento. Como podia ser?
-Sou uma princesa amada e todo mundo gosta de mim. Como posso sentir que estou sozinha?
Finalmente estava fazendo o que tinha sonhado por muito tempo: ter a oportunidade de conhecer e experimentar o mundo. Esperava que tal lhe trouxesse muita felicidade, mas encontrou um doce sentimento de saudade (é uma palavra portuguesa para o sentimento de esperança à mistura com memórias). Na verdade, ela gostou da sensação, doeu um pouco, mas era tão doce e quente! Então guardou este sentimento dentro do seu coração e deitou-se para dormir.
Quando acordou estava uma bela manhã de sol brilhante e voltou ao seu caminho.
Caminhando chegou a uma cidade. As pessoas passavam apressadas e trabalhando. Era uma cidade movimentada. Apesar de saber que não deveria falar com estranhos (alguém que a amava a tinha aconselhado), aproximou-se de um homem que estava a construir algum tipo de instrumento útil (ela admirava as pessoas que trabalham duro e com as próprias mãos). O homem não lhe prestou muita atenção o que a feriu um pouco. Estava acostumada a ser o centro de toda a atenção e disse-o ao homem. Ele espantou-se e olhando surpreso perguntou:
-Porquê? Você não é especial!
-Eu não sou especial!?! Mas ... eu sou uma bela princesa!
-Como!!? Você não é bonita aos meus olhos! Você é uma jovem comum, parece-se com a maioria das jovens desta cidade, não é diferente delas!
- Mas meu cabelo é amarelo e brilhante como o sol e meus olhos são azuis como o céu e o mar!
- Oh, Oh, riu o homem. Parece que você é uma jovem muito inchada e vaidosa e isso não é bom. Se quiser ver a beleza verdadeira vá visitar a nossa princesa amada. Ela é a menina mais maravilhosa do mundo! Os seus olhos são negros e conseguem olhar profundamente dentro de si; o seu cabelo é castanho escuro e brilhante e tem todos os cheiros bons da terra. Suas mãos morenas e dão magia a tudo que faz ...
O homem parou de falar, o olhar perdido, pensando talvez.
A princesa espantada foi-se embora. Ela tinha aprendido que a beleza não é algo absoluto ou objectivo e sentiu um pouco de pena de si mesma.
Caminhou e caminhou...
Ás tantas alcançou uma região montanhosa. Do topo de algumas colinas as vistas eram maravilhosas: campos de todas as cores. Adorava especialmente os verdes, a erva ondulando como ondas, suavemente empurradas pelo vento.
AO longe avistou um castelo. Era um castelo muito antigo feito de pedra. Era um edifício impressionante e a princesa pensou que gostaria de conhecer os que lá morariam.
No caminho para o castelo cruzou-se com um pastor que estava a guardar as suas ovelhas brancas. Gostpou da sua maneira de olhar e se mover, tão calma, tão fácil, tão leve, e resolveu conversar com ele. O pastor disponibilizou-se a ajudá-la a encontrar o dono do velho castelo, mas aconselhou-a a ser submissa na frente do mesmo pois, apesar de ser um bom rei, era muito rígido, gostava de regras e precisava de sentir o seu poder e autoridade.
- Mas eu sou uma princesa! Eu tenho o meu próprio reino. Sou igual a ele!
- Bem, Vossa Alteza me perdoe - disse o pastor com uma pequena reverência. Eu nunca diria que é uma princesa, não depois de ter visto vossa alteza a olhar para mim.
-Porquê? - perguntou a princesa
- Meu Senhor nunca olha para os seus súbditos olhos nos olhos! Meu Senhor olha sempre para a frente. Olhar directamente nos olhos é incomum para uma princesa, talvez não deva fazer isso.
- E porque não? Perguntou a princesa
- Eu realmente não sei dizer, mas fazendo isso você transforma-se numa simples mulher como as outras.
- E porque sou uma princesa, não sou mais uma mulher?
- Nunca pensei nisso. Meu Senhor e sua família estão muito longe de nós, seu povo, e eu nunca percebi bem se eles são humanos como nós.
Falando assim chegaram ao castelo. A princesa entrou e conheceu o rei. O pastor voltou para suas ovelhas brancas.
Mas saibam os leitores que , no caminho para o castelo a princesa e o pastor falaram sobre muitas outras coisas importantes na vida, especialmente sobre o céu, os pássaros, as flores, as árvores, o tempo. A princesa aprendeu muito sobre coisas que poderiam ajudar a melhorar a vida no seu reino o que a deixou muito feliz. Com o pastor partilhou momentos quase perfeitos.
À noite, depois da reunião com o rei (foi uma reunião terrível pelo que não interessa manter na memória), a princesa voltou para o pastor. Estavam apaixonados....
Casaram-se, tiveram muitos filhos e viveram felizes para sempre? Não, isso não é a vida real. A princesa tinha o seu périplo para continuar...
Assim na manhã seguinte, acenaram adeus, nada foi prometido, e cada um seguiu o seu próprio caminho.
A princesa andou, andou, cheia de lembranças. No final do dia chegou ao mar.
-O mar é o melhor amigo que se pode desejar, pensou a princesa. Com ele pode-se compartilhar tudo que se queira, sentimentos, pensamentos, sonhos. O mar ouve, fala, move-se, pode-se até mesmo deixá-lo beijar-nos e abraçar-nos sempre que se quiser. Podemos deixá-lo trazer-nos uma espuma suave de carinho. Como qualquer pessoa tem seus próprios estados de espírito e às vezes fica irritado, grita e ameaça bater. Outras vezes é como um bebê, alongando-se e movendo-se lentamente pedindo ternura.
A princesa tentou adivinhar que países e pessoas viveriam do outro lado do oceano, lá longe.
Caminhando viu uma pequena cidade de pescadores.
-Ver todos os barcos ao longo do cais faz-me pensar sobre a vastidão do mundo, pensou a princesa. Cada barco carrega uma história pequena e carrega uma promessa de viagem, um sonho de um novo começo, a chegada a em algum lugar que podemos supor maravilhoso!
Viu uma peixeira e perguntou-lhe sobre a terra do outro lado do oceano.
- Eu realmente não sei, respondeu a mulher. Nunca cruzámos todo o mar. Nós apenas entramos no oceano, às vezes passamos alguns dias para encher nossos barcos, mas depois voltamos para as nossas famílias. É a nossa maneira de viver.
- E nunca se perguntou sobre o outro lado? Não tem curiosidade de saber?
- Não, de jeito nenhum! - disse a mulher. Estamos satisfeitos com o que temos aqui. Meus filhos estão crescendo bem, não têm fome nem doenças, o meu marido trata-me bem, e não desejo mais nada. A minha vida é abençoada, não acha?
- Acho que sim - disse a princesa sorrindo para a mulher, e foi -se embora.
A mulher continuou imóvel por um momento observando a princesa a afastar-se lentamente. Depois voltou para o seu trabalho com as redes de pesca pensando. Sobre o quê? Isso não sei dizer ...
A princesa estava cansada e pensou que talvez a peixeira estivesse certa, deveríamos ficar felizes com tudo o que temos. E sentiu que era uma pessoa muito cheia de sorte. E assim, decidiu que era hora de voltar para o seu reino.
No caminho de volta conheceu um homem que estava também viajando.
- Quem é Você? perguntou-lhe
- Sou um príncipe de um reino muito distante.
- E O que está a fazer?
- Estou viajando pelo mundo
- Porquê?
O príncipe ficou imóvel por um momento olhando para ela.
- Eu realmente não sei ao certo, procurando acho eu.
- Eu estou a voltar para a minha casa de uma viagem. Se quiser pode vir comigo - convidou a princesa.
- Está bem, poque não?
E assim viajaram juntos por sete dias e sete noites, sempre falando, compartilhando as suas experiências e sonhos.
Quando chegaram ao reino da princesa todos ficaram felizes! A princesa amada e bela tinha voltado! Foi organizada uma festa com muitas flores, música maravilhosa e todos dançaram com alegria. As pessoas vieram de todos os lados em redor para compartilhar esta bonita felicidade!
E esta história está quase a terminar. O príncipe e a princesa casaram-se, tiveram muitos filhos e ficaram felizes para sempre? Não, nunca é assim ...
Na verdade, o príncipe e a princesa casaram-se sim, tiveram dois filhos, e todos no reino ficaram felizes com isso. Tal trouxe prosperidade a ambos os reinos que se uniram.
Mas saibam os leitores que nunca prometeram amor para sempre um ao outro. O príncipe ainda está procurando, ninguém sabe o quê nem mesmo ele, e a princesa vai frequentemente ao topo das montanhas e por lá se senta, assistindo ao pôr do sol, observando os campos e pensando no pastor. E à noite olha o fogo da lareira e fica se perguntando quem viverá no Outro lado do oceano...
Paula Almeida
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