CONTOS POPULARES CHINESES - O Terceiro filho e o governador ( uma história do povo Chuang)
Era uma vez um velho muito pobre que, para sustentar a família, fabricava em bambú toda a espécie de objectos úteis.
Este velho tinha três filhos. Prestes a morrer, chamou-os e disse-lhes:
— Toda a gente devia aprender um ofício. Eu vivi apenas para vos criar. Agora vocês têm de se governar sozinhos.
Dito isto, o velho deu o último suspiro. Com o pouco dinheiro que deixou, os três filhos compraram um caixão e fizeram-lhe um enterro de acordo com os costumes.
Depois do funeral, só lhes restavam três moedas. Cada um dos filhos ficou com uma.
O mais velho era um vadio. Não fazia nada o dia inteiro. Pouco tempo depois da morte do velho, já tinha gasto a moeda e acabou por morrer de fome, tão preguiçoso era para fazer qualquer trabalho.
O segundo filho era habilidoso. Aprendeu a cultivar plantas, comprou sementes com a moeda que lhe coubera e tornou-se um bom jardineiro. Mesmo assim, dificilmente ganhava para viver.
O terceiro filho era ainda muito jovem, mas não se cansava de pensar no que havia de fazer para ganhar a vida.
Um dia, avistou uns pescadores à beira do rio. Observou-os com toda a atenção até aprender o seu ofício. Pegou então na moeda que o pai lhe deixara, comprou dois anzóis e passou a ir pescar para o rio todos os dias. Apanhava sempre muito peixe e vendia-o. Deste modo, ganhava o suficiente para se alimentar e poupava ainda algum dinheiro para comprar as coisas de que gostava. Tornou-se entretanto um bom pescador.
Mas um dia não apanhou um único peixe, embora tivesse ficado durante muito tempo sentado à beira do rio. Estava ele a pensar na sua pouca sorte, quando olhou para a água e viu um enorme peixe, com os olhos salientes e a cauda a abanar, que engolia, em grandes tragos, todos os peixes que ele podia ter pescado. O terceiro filho ficou tão furioso que agarrou no arpão e atirou-o ao peixe. Trespassado, o peixe virou-se com estrondo e, enquanto ia ao fundo, bolhas de ar subiam à superfície. O terceiro filho, puxando a corda que estava presa ao arpão, trouxe-o para a margem.
Nesse dia não apanhou mais nada senão aquele enorme peixe. Decidiu por isso cozinhá-lo para si próprio. Quando lhe abriu a barriga encontrou muitos peixes pequeninos lá dentro e, entre eles, uma linda carpa dourada. Ainda estava viva porque as suas guelras abriam e fechavam. O terceiro filho teve pena daquele animal tão bonito e pô-lo num vaso de cobre que encheu com água limpa. A carpa dourada depressa começou a movimentar-se e a abanar a cauda. Quanto mais o terceiro filho a olhava, mais a admirava e gostava dela. Resolveu conservá-la e alimentava-a com vermes, lentilhas e algas.
A carpa dourada cada dia se tornava mais bonita. O terceiro filho gostava tanto dela que a levava para toda a parte quer fosse pescar quer fosse ao mercado ou ver um jogo.
Houve, porém, um dia em que foi vender peixe sem levar consigo a carpa dourada. ....(CONTINUA)
Sem comentários:
Enviar um comentário